Um dos componentes mais importantes da transformação digital no setor financeiro, fortemente impulsionada pelo Open Finance, é a capacidade de coletar (via consentimento), agrupar, analisar, compartilhar e implantar dados e insights de clientes. Isso, porque os dados ajudam as instituições financeiras a entenderem o comportamento do cliente em nível individual e como eles preferem usar produtos ou serviços. Também permite que as organizações forneçam ofertas personalizadas, refletindo as necessidades contextuais em tempo real, em vez de promoverem apenas produtos para segmentos ou um público de massa.
Todo esse potencial trazido pelos dados é bastante positivo, e disso ninguém discorda. Mas, ao analisarmos o setor financeiro mais a fundo, percebemos que nele ainda há uma distância muito grande entre a fase de coleta dos dados e sua transformação em oportunidades de negócios relevantes.
Para aproveitar estas oportunidades, as instituições financeiras devem investir em competências para lidar com dados, experiência do cliente, conteúdo e tecnologias digitais. Elas também precisam de habilidades analíticas – desenvolvidas internamente ou com o apoio de parceiros externos – para transformar dados brutos em insights. Mais importante ainda, as organizações precisam de uma cultura orientada a dados, com suporte da alta administração, que se comprometa com o investimento em tecnologia e suporte à visão de se tornar uma organização centrada em dados, realmente preparada para o Open Finance.
O bom uso dos dados começa com uma cultura centrada em dados
As instituições financeiras precisam entender que um componente importante da transformação digital é a necessidade de líderes e funcionários também se transformarem. Os líderes devem educar-se sobre a importância dos dados e análises e sobre maneiras de aumentar a maturidade dos dados e da transformação digital. As jornadas bem-sucedidas de transformação de dados nas instituições financeiras começam de cima para baixo – por isso, liderança e cultura são primordiais.
Os líderes também precisam facilitar e inspirar pessoalmente seus colegas líderes e equipes a navegarem pela importância do aprendizado e da mudança contínuos. Sem o topo da organização ilustrando a importância de uma cultura orientada por dados e o envolvimento de cada membro da equipe na implantação de insights para o benefício dos clientes, a maturidade dos dados nunca será alcançada.
Em resumo, todos devem estar envolvidos, direcionados para o mesmo mindset.
É preciso alcançar maturidade
Embora os dados sejam abundantes no setor de serviços financeiros, para muitas instituições a criação de insights de clientes a partir desses dados ainda está na fase inicial de maturidade. Isso ocorre porque a maioria das fontes de dados em bancos e cooperativas de crédito, por exemplo, ainda seguem o modelo tradicional, ficando alojadas em silos, que são difíceis de integrar e ainda mais desafiadores de implantar como um ativo que faça sentido.
Embora praticamente todas as instituições financeiras afirmem colocar a experiência do cliente no topo de suas prioridades, estima-se que menos de 25% delas usem, de fato, insights para criação de ofertas contextuais oportunas, limitando a capacidade de otimizar a experiência do cliente ou maximizar o valor da empresa. Em um mundo pós-pandemia, em que o cliente entendeu como as organizações podem facilitar sua vida com dados e insights aplicados, essa lacuna entre o que é possível fazer e o que é realmente feito poder ter um impacto bastante significativo no sucesso das estratégias de qualquer instituição financeira. Por isso, é preciso mudar!
A mudança não é fácil, é claro. Mas a missão de se tornar uma organização centrada em dados deve ser a peça central da estratégia, especialmente na era do Open Finance.
Nos serviços financeiros, os dados estão sendo compartilhados numa velocidade jamais vista, mas ainda é bastante desafiador reuni-los a partir de várias fontes dentro da organização, desenvolver modelos robustos e casos de uso, selecionar os dados que de fato podem ser aproveitados, interpretá-los, analisá-los e, o mais importante, desenvolver insights para criação de negócios por toda a organização.
Para transformar e construir maturidade de dados, as instituições financeiras devem se comprometer com o valor dos dados como um princípio central do novo modelo de negócios, utilizando os recursos preditivos que os dados e a evolução trazida pelo Open Finance fornecem. Isso significa passar de uma cultura de obtenção de dados para uma cultura de construção de resultados a partir de dados, criando diferenciais competitivos.
O Open Finance muda tudo
As instituições financeiras precisam olhar além das plataformas de dados tradicionais, evoluindo para sistemas mais robustos de gerenciamento de informações do cliente.
Com o Open Finance, esse olhar ganha ainda mais importância. Isso, porque as organizações estão expandindo o desenvolvimento de plataformas de dados de clientes para incluir mais insights e implantação de informações em mais áreas da organização do que simplesmente marketing. As plataformas de insights do cliente e o processo de gerenciamento de informações podem se expandir para atendimento ao cliente, desenvolvimento de produtos, conformidade, governança de privacidade e outras áreas-chave da organização que precisam de uma visão completa e em tempo real.
Esse nível expandido de gerenciamento de informações do cliente é cada vez mais essencial para organizações de todos os tamanhos. A implantação de insights em toda a organização fecha lacunas no atendimento e no fornecimento de uma experiência positiva ao cliente.
Nesse contexto, as instituições precisam entender que ter muitos dados não é o objetivo central. O objetivo é coletar, agrupar, gerenciar, processar e implantar dados que forneçam uma visão unificada e precisa do cliente de forma que todas as partes da organização possam utilizá-la. Uma organização orientada a dados atinge um nível mais alto de eficiência operacional e pode se adaptar às mudanças rapidamente e atender às demandas dos clientes de forma mais assertiva. Em outras palavras, qualquer estratégia de transformação dentro do Open Finance deve ser apoiada por uma estratégia de dados robusta.
No Open Finance, as instituições financeiras e provedores de tecnologia devem investir em soluções para trabalhar com sistemas baseados em API e entender que o sucesso do Open Finance depende da colaboração entre todos os principais players do ecossistema, incluindo instituições financeiras, fintechs, agregadores de dados e reguladores.
As instituições que implantarem sistemas baseados em API poderão oferecer aos clientes maior controle sobre quais dados eles permitem que sejam compartilhados e em quais circunstâncias. Essa flexibilidade tem o potencial de melhorar a segurança dos dados e a confiança do cliente. Além disso, quando ele vê que a sua instituição financeira está ativa nesse movimento, ele fica mais inclinado a vincular suas contas e compartilhar os seus dados.
À medida que todos os atores compreenderem profundamente os seus papeis, o uso dos dados só se tornará mais valioso, ressaltando o impacto financeiro, pessoal e coletivo do Open Finance.