Akropoli – Open Finance

O futuro do setor financeiro deve ser traçado com foco total nas pessoas

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Em 1776, na sua obra Riqueza das Nações, Adam Smith declarou que “o consumo é o único fim e propósito de toda produção”. Desde então, incontáveis teorias e metodologias foram criadas para tentar prever e modelar os gastos dos consumidores. Mas, apesar de todos os avanços, a realidade nos mostra que ainda é bastante desafiador trabalhar com previsões e modelagens em nível individual, especialmente quando este nível atinge a vida financeira das pessoas. Desafiador, mas não impossível, especialmente na era do Open Finance. E nós vamos explicar os motivos. 

Mas antes, precisamos falar das consequências financeiras da vida

Por mais de dois séculos, economistas debateram e modelaram os padrões de gastos do consumidor. Em 1936, por exemplo, o economista inglês John Maynard Keynes postulou que os gastos do consumidor eram uma função da renda atual. Na década de 1950, o economista americano Milton Friedman questionou se o gasto (consumo) era uma função da renda atual ou se as pessoas gastavam de acordo com sua renda permanente. No modelo da Hipótese da Renda Permanente, o principal determinante do consumo é a renda vitalícia de um indivíduo, não sua renda atual. Neste contexto, trabalha-se com a ideia de que as expectativas de longo prazo afetam diretamente no consumo. 

Muitos ainda debatem quem está certo, se é Keynes ou Friedman, mas se tem algo com o que todos podemos concordar é que a relação entre renda vitalícia e gastos jamais pode ser negligenciada. Isso, porque praticamente todos os eventos importantes das nossas vidas, como ir para a faculdade, comprar um carro, casar, comprar uma casa e criar uma família custam dinheiro considerável e têm consequências financeiras cada vez mais relevantes. E, porque além de pensar nos eventos importantes da vida, as pessoas também devem se planejar para contingências e se preparar para imprevistos, como perdas de emprego, despesas com tratamentos médicos, etc. O fato é que, independentemente da maneira adotada, todos nós precisamos, em menor ou maior grau, gerenciar de forma saudável nossas vidas financeiras. 

O papel das instituições financeiras nesse contexto

As instituições podem, e devem, ajudar os seus clientes a gerenciarem melhor seu dinheiro. Graças à vasta riqueza de dados que possuem, podem fazer isso, por exemplo, por meio de aplicativos úteis e envolventes que promovam o bem-estar financeiro, oferecendo aos usuários:

  • Resumos e relatórios detalhando como o dinheiro está sendo usado;
  • Representações visuais de categorias de gastos, como família, viagens, assistência médica, etc.;
  • Alertas de grandes pagamentos, avisos de saldo baixo e contas a vencer;
  • Notificações quando uma oferta de avaliação ou serviço de assinatura será pago, dando ao cliente tempo suficiente para cancelar a assinatura antes de ser cobrado.

Embora esses serviços sejam úteis, eles são apenas uma pequena amostra do que as instituições podem fazer com os dados, principalmente com os dados compartilhados no Open Finance. Ao aproveitar a inteligência artificial (IA), análises avançadas e dados transformados em informações, elas podem apoiar a jornada de vida de cada cliente em níveis individuais de personalização nunca antes vistos. E isso gera oportunidades únicas de construir fidelidade de longo prazo, por meio de ofertas de produtos e serviços cada vez mais relevantes.

É por isso que o banking precisa ser combinado com a vida dos clientes

Os dados financeiros de uma pessoa contam uma história factual e revelam muito mais do que padrões de gastos. Ao analisar os dados Open Finance de forma ampla e assertiva, uma instituição pode entender as mudanças no estilo de vida e nos comportamentos de um cliente. Deste modo, cada estágio da vida deste cliente oferece, por exemplo, mais oportunidades para que a instituição trabalhe o relacionamento, fornecendo conselhos impactantes, produtos e serviços adequados e ferramentas úteis e transformadoras. 

Se o cliente vai se casar, a instituição pode oferecer produtos financeiros, como empréstimos, aliviando os impactos dos gastos do casamento no curto prazo. Se o cliente vai comprar um imóvel, a instituição pode ir além do financiamento em si, oferecendo maneiras de ajudá-lo a facilitar o processo de compra, com conteúdos e insights sobre o tema. Se este mesmo cliente tem um bebê, a instituição pode ajudar a criar uma poupança para os gastos escolares e de saúde. E, junto a tudo isto, já pode ajudá-lo a planejar sua aposentadoria, fornecendo educação, ferramentas e conselhos em momentos apropriados ao longo da sua vida. 

As opções são infinitas, e as instituições estão no melhor momento para reforçar seus relacionamentos com os clientes, aproveitando o valor de seus dados e usando-os de maneira personalizada, oportuna e inovadora. No entanto, enquanto alguns players reconhecem o compartilhamento de dados como uma grande oportunidade, muitos outros ainda precisam entender como utilizar todo o seu potencial. E nós lembramos que esta é uma oportunidade que não deve ser desperdiçada, e que só se expandirá com os desdobramentos do Open Finance e do Open Data.

No Open Finance, um dos grande objetivos é tornar o sistema financeiro mais colaborativo, inovador e centrado no cliente. Na prática, o movimento coloca os clientes no comando de seus próprios dados, como já dissemos por aqui. Com a permissão de um cliente, uma instituição financeira pode oferecer uma visão agregada e holística de suas finanças combinando dados de várias contas, mesmo em bancos diferentes, criando oportunidades para desenvolvimento e melhoria de produtos relacionados a crédito, financiamentos, investimentos, seguros, ativação, cobranças e muito mais. 

Mas, para fazer isso, a instituição precisa entender que não basta ter acesso aos dados compartilhados. É preciso analisá-los com inteligência suficiente para traduzi-los em oportunidades, já que a era dos produtos de prateleira parece estar chegando ao fim, abrindo espaço para a era da customização. O futuro do setor financeiro será baseado em personalização e não há como lutar contra este fato. Por isso, mais do que nunca, as instituições precisam contar com soluções que alinhem a oferta de produtos e serviços às necessidades individuais de cada cliente, trabalhando para que eles gastem seu dinheiro de forma inteligente e saudável. 

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