Akropoli – Open Finance

Impactos do Open Finance na Bancarização e na Inclusão Financeira

Compartilhar postagem:

openfinance

Para que um país possa crescer de forma sustentável, precisa adotar medidas para melhorar a vida financeira das pessoas, dando a elas acesso completo a serviços financeiros adequados às suas necessidades. Estas medidas passam, sem dúvida, pela bancarização e pela inclusão financeira, movimentos que ganharam força no começo da década e que agora se expandem com a chegada do Open Finance. 

Mas o que significa Bancarização?

De acordo com o relatório do II Fórum Nacional do Banco Central sobre Inclusão Financeira, publicado em 2010, ser bancarizado é “ter uma conta de aplicação (conta poupança), ter uma conta corrente de qualquer modalidade e algum tipo de empréstimo”.

Levando em conta esta definição, os números aqui do Brasil apontavam 182,2 milhões de bancarizados em dezembro de 2021, conforme os dados mais recentes do Banco Central – um aumento de 10,3% em relação a fevereiro de 2020. Em um ano, 16,6 milhões de pessoas viraram clientes das instituições financeiras, processo acelerado pela pandemia de COVID-19.

Mas, apesar da grande quantidade de pessoas bancarizadas, o número de desbancarizados no país ainda é muito alto: 21% dos brasileiros, cerca de 34 milhões de pessoas, de acordo com pesquisa recente realizada pelo Instituto Locomotiva. Estes dados assustam, já que a bancarização é importante não só para o desenvolvimento econômico como um todo, mas também para a qualidade de vida das pessoas.

Inclusão Financeira e Bancarização são a mesma coisa?

Não! A inclusão financeira trata da proporção de pessoas e empresas que usam serviços financeiros, como pagamentos, poupanças, pensões, seguros, mercados de capitais, créditos, entre outros. Ela possui aspectos relacionados a 3 pontos principais: o acesso das pessoas e empresas a instituições financeiras, a utilização dos produtos e serviços oferecidos e a qualidade e variedade das ofertas. 

Desenvolver a inclusão financeira vai muito além da bancarização, já que estar incluído financeiramente significa ter acesso a diversos serviços e produtos financeiros, assim como saber usá-los de forma relevante.

No atual cenário da inclusão financeira, apesar de todos os esforços do Banco Central e das instituições privadas, ainda há muito o que se fazer aqui no Brasil, já que para grande parte dos 182,2 milhões de bancarizados somente produtos básicos são disponibilizados, como conta corrente e cartão de débito, sem opções que possam, de fato, sanar as reais necessidades desses usuários.

E o Open Finance pode ajudar a mudar esse cenário?

Sim! Como já dissemos por aqui, o Open Finance é um desdobramento do Open Banking, uma extraordinária inovação da era da transformação digital que tem o objetivo principal de promover a autonomia dos clientes na gestão de suas finanças. Suas vantagens se estendem para todos os agentes participantes do processo: desde as instituições e o Governo Federal até os correntistas e clientes em potencial para os serviços e produtos oferecidos, já que o modelo de serviços incrementa a competitividade do setor e reduz os custos dos produtos financeiros. 

No Open Finance, os clientes escolhem como compartilhar seus dados financeiros com bancos, corretoras de câmbio, fundos de previdência privada, seguradoras, fintechs, investidoras, cooperativas de crédito e demais instituições. Empoderados, eles ganham o poder de tirar as instituições financeiras da sua zona de conforto, exigindo delas uma gama de novas ferramentas que possam ajudá-los a melhorar a sua saúde financeira.

Neste novo cenário, a intenção é que a experiência com serviços financeiros seja embutida nos eventos de vida com uma experiência integrada, transparente e intuitiva, o que deve mudar de forma drástica a nossa relação com o dinheiro. 

As mudanças propostas pelo BACEN devem promover transformações mais efetivas dos que as vistas na Europa e no Reino Unido após a implantação do Open Finance, já que por aqui a regulação faz uso de princípios de design arrojados, acompanhados de uma importante onda de inclusão digital, acelerada pela pandemia – de acordo com a pesquisa  TIC Domicílios, hoje contamos com mais de 80% da população brasileira acessando algum tipo de internet. 

Se considerarmos os dados do Open Banking e do Open Finance, em pouco mais de um ano os sistemas já trouxeram um aumento considerável na inclusão bancária promovida, principalmente, por fintechs e bancos digitais, que ampliaram o acesso dos brasileiros, especialmente os de baixa renda, a produtos financeiros. A revista Isto é Dinheiro apresentou, recentemente, uma pesquisa feita pelo Instituto Locomotiva, que mostra que 19% dos brasileiros têm conta em bancos digitais, sendo que 30% deles são das classes D e E. Feito com 1.519 brasileiros, com 18 anos de idade ou mais, entre 27 de outubro e 7 de novembro de 2021, o estudo indicou uma democratização do sistema bancário jamais vista anteriormente. 

Ainda, em março deste ano, vimos o Pix, uma das ferramentas mais conhecidas do Open Banking e do Open Finance, alcançar incríveis 58,5 milhões de operações realizadas em tempo real em um único dia. 

É claro que ainda existe um longo caminho para que impactos mais relevantes sejam vistos na economia e na vida das pessoas, já que os processos de bancarização e inclusão financeira dependem de uma série de reformas que, combinadas, possam criar as condições adequadas de acesso da população aos serviços financeiros. 

No entanto, é fato que o Open Finance já está transformando a vida de pessoas físicas e jurídicas até aqui atendidas de forma apenas parcial ou que tenham sido totalmente excluídas do sistema financeiro. 

Em meio à crescente demanda por serviços financeiros digitalizados e interconectados, o Open Finance surge como uma inovação revolucionária que oferece um potencial significativo não apenas por trazer os não-bancarizados até os serviços financeiros formais, mas também por manter os bancarizados em um sistema mais conveniente, seguro e sólido, criando uma economia cada vez mais estável e sustentável. 

Curtiu o conteúdo?

Ver outras postagens