Akropoli – Open Finance

Tendências tecnológicas de serviços financeiros que vieram para ficar

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Os anos de 2020 e 2021 foram bastante tumultuados para as empresas de serviços financeiros, especialmente para aquelas que viram seus modelos tradicionais de trabalho e negócios serem interrompidos pela pandemia de Covid-19. Mas, se por um lado a pandemia trouxe prejuízos, por outro ela impulsionou uma escalada jamais vista em direção à evolução tecnológica do setor, marcada pela rápida mudança e por uma nova geração de startups ágeis e orientadas a melhorar a vida financeira das pessoas.

Além da evolução tecnológica em si, nos últimos dois anos, especialmente, assistimos ao fortalecimento do sistema financeiro aberto, o chamado Open Banking, que aqui no Brasil já se transformou no Open Finance e agora entrega a bancos, cooperativas, corretoras de valores, seguradoras, plataformas de investimento, fundos de previdência e pensão, dentre outros, a possibilidade de criar serviços e produtos novos e personalizados em níveis jamais experimentados, com base numa imagem mais holística e assertiva da vida financeira de cada cliente.

Os principais fatores por trás desta grande revolução tecnológica e da quebra de paradigmas trazida pelo Open Finance incluem o número cada vez maior de clientes que esperam acessar serviços instantaneamente, cada vez mais personalizados, de qualquer lugar e a qualquer momento, por meio de seus smartphones, bem como a grande explosão na quantidade de dados que estamos gerando graças aos nossos estilos de vida cada vez mais digitais e sempre online.

Neste cenário, novas tendências vêm surgindo e impactando o setor financeiro por completo, desde os grandes players, já estabelecidos, até as startups menores, com suas ideias disruptivas e atuação ágil. 

Mobile Banking 

Existem mais de seis bilhões de telefones celulares no mundo na atualidade, número que por si só já nos diz muita coisa. Mas, se considerarmos que há cerca de 1,7 bilhão de cidadãos não bancarizados no mundo e que 66% deles possuem telefones celulares, já fica clara a razão de o mobile banking ser uma grande tendência, apesar de não ser uma novidade: os dispositivos móveis devem ser vistos como um canal de extrema relevância para bancos e outros serviços financeiros que desejam colocar suas ofertas nas mãos (literalmente) dos clientes.

Com a riqueza de dados trazida pelo Open Finance, essa relevância ganha um aumento substancial. Por meio dos gerenciadores financeiros, apenas para citar um exemplo, as instituições financeiras passam a oferecer, nos seus próprios apps, uma experiência personalizada aos seus clientes. E isso acontece porque, a partir de uma conexão constante com cada usuário, elas recebem dados sobre estilos de vida e comportamento financeiro que podem ser usados com maior assertividade para oferta de produtos e serviços sob medida, tratados em ambientes cada vez mais seguros e dinâmicos. 

Mas não é só isso! Ao oferecerem boas ferramentas de gestão financeira pelo seu mobile banking, as instituições passam a atuar como verdadeiras advisors dos seus clientes, dando a eles insights cada vez mais apurados para a organização das suas finanças. Em contrapartida, os clientes sentem-se cada vez mais dispostos a compartilhar os seus dados e a manter todas as suas transações em um único aplicativo, elegendo como principal aquela instituição que mais lhe traga benefícios e criando um círculo virtuoso que traz resultados positivos para ambas as partes.

Banco na nuvem 

Bancos e empresas de serviços financeiros já estavam migrando para a nuvem em massa quando a covid-19 atingiu o mundo, mas, no fim das contas, a pandemia foi um grande acelerador deste processo. Isso se deve à segurança e à agilidade que o uso da nuvem traz, bem como à simplicidade e à facilidade que promove na criação de projetos baseados em outras tecnologias inovadoras, como blockchain, inteligência artificial (IA) e mobile banking, por exemplo. 

Infraestruturas multicloud, em que mais de um provedor de serviços em nuvem é usado, bem como nuvens híbridas, em que bancos investem em uma combinação de serviços de nuvem pública e privada, são bem compreendidos e utilizadas pelo setor financeiro. Para se ter uma ideia, de acordo com a Accenture, 60% de seus clientes bancários usam mais de um provedor de nuvem e mais da metade adotou uma estratégia multicloud. Os serviços em nuvem também são cada vez mais vistos como uma forma de as empresas do setor financeiro cumprirem seus compromissos ambientais, sociais e de governança (ESG), já que muitos dos grandes provedores adotaram políticas robustas de sustentabilidade e descarbonização.

Moedas digitais

A popularidade e a ascensão das criptomoedas e da tecnologia blockchain trouxeram novas possibilidades para o uso do dinheiro, bem como novas formas de ativos e mercados digitais. Além das conhecidas criptomoedas, moedas digitais emitidas pelos bancos centrais de alguns países passaram a figurar como uma das inovações mais interessantes nessa área. De modo geral, a adoção deste tipo de moeda agiliza  e aumenta a segurança dos pagamentos entre bancos, instituições e indivíduos. Não é a toa que as estimativas mostram 37% da população mundial utilizando o recurso nos próximos 3 anos. 

Inteligência Artificial e Machine Learning

O setor de serviços financeiros foi um dos primeiros a adotar a inteligência artificial e é por isso que hoje o seu papel na automação de processos repetitivos, na avaliação de risco e na prevenção de fraudes está bem estabelecido. 

Mas, com as mudanças e evoluções tecnológicas recentes, as instituições financeiras passaram a enfrentar a concorrência de uma forma nunca antes experimentada, com startups, fintechs, grandes varejistas e gigantes da tecnologia como Google, Amazon e Apple inscrevendo clientes em serviços que tradicionalmente seriam de seu domínio. Neste contexto, a IA e as tecnologias inteligentes baseadas em dados tornaram-se uma ferramenta essencial para quem quiser permanecer no jogo, já que elas permitem criar desde automações de processos robóticos capazes de simplificar tarefas repetitivas até o desenvolvimento de pacotes de serviços sob medida para clientes individuais, fortalecendo a concorrência.

Estima-se que o setor de serviços financeiros ficará atrás apenas do varejo quando se trata de gastos com IA e Machine Learning até 2025, respondendo por quase 14% dos US$ 204 bilhões gastos anualmente desde 2021 até lá. Umas das áreas em que o crescimento será bastante aparente, graças aos dados do Open Finance, é o uso da IA para garantir um tratamento justo e equitativo dos solicitantes de crédito, com algoritmos mais eficientes e capazes de determinar como o viés está sendo aplicado nesses processos.

Blockchain

Blockchains são, basicamente, bancos de dados que possuem algumas características especiais. Em primeiro lugar, eles são distribuídos, o que significa que são armazenados em muitos computadores diferentes, sem que uma pessoa tenha o controle geral. Em segundo lugar, eles são criptografados, o que significa que só podem ser alterados ou atualizados por pessoas que possuem as chaves criptográficas que permitem fazê-lo. Em terceiro lugar, eles são governados por consenso, o que significa que as alterações nos dados só podem ser feitas se todos com uma opinião sobre o assunto concordarem que elas devem ser feitas. Essas características significam que eles são extremamente disruptivos para o setor de serviços financeiros, que tradicionalmente são centralizados e governados pelos proprietários dos bancos ao lado de reguladores, como governos e bancos nacionais. Eles também são benéficos quando oferecem a chance de simplificar a infraestrutura e ao mesmo tempo reduzir fraudes, criar transparência, acelerar processos essenciais, como liquidação e compensação de transações, e aumentar a segurança.

Com o Open Finance, o blockchain passa a assumir, também, um novo papel de protagonismo para as empresas e negócios digitais que buscam unir democratização no acesso de dados, já que sua capacidade de rastreamento traz mais confiança para o sistema financeiro como um todo, permitindo, mesmo na troca de dados entre instituições, que as informações de clientes sejam preservadas e acompanhadas por meio de registros a prova de violação.

Para os próximos anos, é inevitável que casos de uso mais inovadores para blockchain surjam, já que o seu potencial, inicialmente limitado a criptomoedas e dinheiro digital, agora é ampliado para serviços financeiros que vão muito além. 

Tecnologia para melhorar a experiência do cliente

Sabemos que todas as tendências mencionadas anteriormente já foram usadas com sucesso por empresas de serviços financeiros para automatizar e otimizar funções de back-office, como processamento de transações e detecção de fraudes. Agora, impulsionadas pelo Open Finance, as empresas estão confortáveis com essas tecnologias e cada vez mais confiantes em implementá-los para resolver problemas relacionados ao seu ativo mais importante – seus clientes.

É aqui que esperamos ver bastante crescimento e inovação nos próximos anos. Inteligência Artificial, Serviços em Nuvem, Blockchain, Moedas Digitais e Mobile Banking são muito mais transformadores quando são reunidos para criar soluções que melhoram a vida dos clientes. Os aplicativos bancários comuns, que geralmente apenas ofereciam sua função básica de fornecer aos clientes acesso a serviços bancários de qualquer lugar, agora passam a funcionar como advisors, como verdadeiros parceiros dos seus usuários, dando a eles condições suficientes para gerenciar sua vida financeira com facilidade e assertividade. A corrida agora ganha velocidade entre os provedores de serviços que procuram se diferenciar na eficácia com que podem aproveitar as tendências mais quentes para melhorar ainda mais a experiência de todos. Muitos aplicativos agora já contam com gerenciadores financeiros integrados que podem realizar tarefas como ajudar os clientes a gerenciar seu dinheiro com mais eficiência, classificando padrões de gastos e sugerindo, automaticamente, quais eficiências podem ser alcançadas.

Outras tendências incluem a personalização, em que os dados são usados para combinar os clientes de forma precisa com os produtos e serviços de que eles realmente necessitam. Um exemplo disso é quando um credor consegue pré-aprovar um empréstimo para um cliente sem realizar uma pesquisa que impacte seu histórico de crédito. Isso significa que eles podem ir a esse cliente com uma oferta real de empréstimo, em vez de apenas um convite para fazer uma simulação qualquer. 

O futuro

Como já dissemos por aqui, o Open Finance veio para ficar. E junto a ele estamos vendo, e ainda veremos, muitas tendências surgindo e aplicações cada vez mais abrangentes para tecnologias que já conhecemos, todas elas focadas ma melhora da vida financeira das pessoas. Tudo isso é fantástico e nós acreditamos que o futuro reserva ótimas oportunidades para o setor financeiro, com um potencial de criação de negócios jamais visto anteriormente. Cabe aos players do setor transformar todas essas oportunidades em propostas de valor eficientes, levando aos seus clientes ofertas cada vez mais personalizadas e alinhadas com a sua realidade. 

Ainda há muito por vir, e nós temos a certeza de que haverá uma melhora substancial nas decisões financeiras, simplificando o dia a dia dos usuários e ajudando a criar mais riqueza de forma justa e inteligente, num jogo em que todos ganham. 

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